Eu não consigo me conter.
Todos podem perceber.
Tento colocar em vão
o meu coração
no papel.
Porém, não acho que poderei dizer
ou que quem importa irá entender
toda a minha emoção
ou a minha razão.
Ouvindo.
É difícil viver sozinho
sem saber exatamente
como agir, pra onde fugir
ou qual é o caminho.
Então assim eu sigo.
Carregado de emoções
que eu não consigo trabalhar.
Me pergunto se iria adiantar
com alguém conversar.
Então mais uma madrugada
eu fujo para meu unico
refúgio.
O papel.
Nunca conseguindo
expressar tudo que estou sentindo.
E cada página mais me diminuindo.
Será esse meu destino?
Até a morte?
Não quero mais sofrer.
Quero a vida entender.
Perceber, o que eu tenho
que ser.
Saber, no que posso confiar.
Não me entregar a mais
nada que vá me machucar.
Mas como prever,
se não consigo confiar?
Uma brincadeira.
Me faz pensar, lembrar.
Não consigo acreditar.
É uma tortura continuar.
Sofro, choro, sangro, bebo.
Vou fumar mais um cigarro
e queria que com ele viesse
um choro.
Daqueles que lavam a alma.
Mas sei que não vai vir.
Vou ter que segurar mais.
Essa angústia, essa revolta.
Espero que um dia
eu encontre a paz.
Não aguento mais.
O papel não me responde,
a verdade se esconde
e eu vou parar por aqui
e tentar dormir.
Sei que não vou conseguir.
Mas preciso uma vida seguir.
Quando penso que vou sorrir,
sofro, choro, dói.
Tento deixar para trás.
Eu não aguento mais.
Queria tanto confiar.
Sem motivos para desacreditar.
Mas é tão difícil
acreditar.
Deixo me levar,
sabendo que vou me machucar.
Sinais vagos, mas claros.
Foda ser burro.
Enxergar, mas sem poder provar.
Queria tanto continuar.
Preciso sair desse ciclo
mas já não sei se vou sair vivo.
Me recuso a aceitar minha morte.
Mas vou morrer mesmo.
Desculpa a quem acreditou
em mim.
Coloco aqui meu fim.
André Coribe em 18/10/2021