domingo, 30 de janeiro de 2022

Paciência

 Eu não consigo me conter.

Todos podem perceber.

Tento colocar em vão

o meu coração

no papel.

Porém, não acho que poderei dizer

ou que quem importa irá entender 

toda a minha emoção

ou a minha razão.

Ouvindo. 

É difícil viver sozinho

sem saber exatamente

como agir, pra onde fugir

ou qual é o caminho. 

Então assim eu sigo.

Carregado de emoções

que eu não consigo trabalhar.

Me pergunto se iria adiantar

com alguém conversar. 

Então mais uma madrugada

eu fujo para meu unico

refúgio. 

O papel. 

Nunca conseguindo

expressar tudo que estou sentindo. 

E cada página mais me diminuindo. 

Será esse meu destino?

Até a morte?

Não quero mais sofrer. 

Quero a vida entender.

Perceber, o que eu tenho

que ser.

Saber, no que posso confiar.

Não me entregar a mais 

nada que vá me machucar.

Mas como prever,

se não consigo confiar?

Uma brincadeira.

Me faz pensar, lembrar.

Não consigo acreditar.

É uma tortura continuar. 

Sofro, choro, sangro, bebo. 

Vou fumar mais um cigarro

e queria que com ele viesse

um choro. 

Daqueles que lavam a alma. 

Mas sei que não vai vir. 

Vou ter que segurar mais. 

Essa angústia, essa revolta.

Espero que um dia

eu encontre a paz. 

Não aguento mais. 

O papel não me responde,

a verdade se esconde

e eu vou parar por aqui

e tentar dormir. 

Sei que não vou conseguir.

Mas preciso uma vida seguir. 

Quando penso que vou sorrir,

sofro, choro, dói.

Tento deixar para trás.

Eu não aguento mais. 

Queria tanto confiar.

Sem motivos para desacreditar.

Mas é tão difícil

acreditar.

Deixo me levar,

sabendo que vou me machucar. 

Sinais vagos, mas claros. 

Foda ser burro. 

Enxergar, mas sem poder provar.

Queria tanto continuar.

Preciso sair desse ciclo

mas já não sei se vou sair vivo. 

Me recuso a aceitar minha morte. 

Mas vou morrer mesmo.

Desculpa a quem acreditou

em mim.

Coloco aqui meu fim. 


André Coribe em 18/10/2021

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Nunca conseguirá me explicar.