terça-feira, 15 de setembro de 2009

Zumbido

Não conseguia dormir. A tensão causada pela sua própria imaginação não o deixava dormir.
Tinha compromisso no dia seguinte e preocupava-se com isso, piorando ainda mais a ansiedade.
As vozes em seu ouvido o vitimizavam.
Levantou-se, acendeu a luz, pegou sua arma que estava em outro quarto e voltou.
Diante da parede branca, era fácil visualizar as vítimas que não estavam aconchegadas em seus locais de origem.
Engatilhou sua arma e começou a matar, lutando por seu sono.
Quando não havia mais vida diante das paredes brancas, tão limpas, deixou sua arma ao lado da cama e deitou-se novamente.
Cobriu seu corpo com o manto da segurança, sujo como a cama na qual deitava.
As vozes continuavam.
Tentou ignora-las, mas sua tensa insônia só piorava sua agonia.
Levantou-se novamente, acendeu e engatilhou apertando os olhos para poder enxergar diante da forte luz que cortava sua escuridão.
Fez uma busca mais completa dessa vez.
Apagou a luz, deitou-se, cobriu-se, sem alcançar o cessar das vozes.
Sentiu falta de ar e resolveu apenas esse problema.
Sentia-se sujo. Levantou-se. Saiu do quarto.
Ao ver as cicatrizes de sua batalha noturna em seu reflexo, ficou preocupado em como seria o dia seguinte com todos aqueles olhares.
Lavou o rosto, os braços, voltou para o quarto.
Fumou um cigarro enquanto as vozes já podiam ser sentidas na pele.
Deitou e podia apenas ouvir agora.
Ouvia algumas vozes junto com seus pensamentos.
Levantou, engatilhou, acendeu.
As vozes agora podiam ser vistas nas paredes brancas em número aterrorizante.
Não tinha mais força. Desistiu.
Deitou-se e as vozes foram ficando cada vez mais fracas, até serem esquecidas dentro de mais uma esperança.

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Nunca conseguirá me explicar.