Já podia-se ver em seu rosto e em seu corpo, algumas marcas de seus equilibrados 34 anos. Longos cabelos loiros e ondulados já davam pista de sua descendência européia. Tinha ao lado dos grandes olhos verdes, algumas linhas que ficavam uma em cima da outra e em embaixo deles, profundidade. Um pouco abaixo, algumas sardas escuras acusavam o descaso com o protetor solar ao deitar-se ao sol da praia na melhor época de sua vida. Descendo pelo pescoço, podia-se ver seus ombros magros e delicados e seus seios que já não tinham mais a mesma consistência de seus 19 anos, mas que ainda suportavam o peso balanceado do seu - segundo seus antigos namorados- tamanho ideal. Quando respirava fundo em algum casual suspiro, suas costelas ficavam à mostra. Em sua barriga não havia qualquer sinal do tempo, graças ao seu metabolismo acelerado. Também era notável o formato de seu quadril, que junto com sua cintura e seu andar, deixavam o ar mais tenso por onde passava. Completando toda a obra de seu corpo maduro, belas pernas nas quais nada podia ser visto, apenas algumas veias azuis na parte de trás de seus joelhos, e seus pés pequenos e macios.
Fazia seu papel perante ao capitalismo de sua sociedade. Trabalhava de segunda a sexta 8 horas por dia com sua responsável competência. Sinal dessa competência era a aquisição de seus bens materiais. Seu lar era um confortável apartamento em um condomínio de luxo em um bairro nobre do Rio de Janeiro.
Não fazia seu papel perante a família. Não tinha achado até o momento seu par eterno e morava sozinha.
Ao fim do expediente no qual ela desempenhava um papel que a completava, ligava para empresa de táxi e enquanto esperava o motorista, pensava em quem ela ia sentir falta naquela noite.
Ao chegar no condomínio no qual morava, puxava assunto com o porteiro, sempre educado, e jogava conversa fora durante mais ou menos uma hora. Era esse o tempo de começar a achar que poderia estar sendo um incômodo para o nobre cavalheiro que a tratava com tanta atenção. Despedia-se e ia andando vagarosamente em direção ao seu apartamento, como se algo novo pudesse acontecer se ela simplesmente desse oportunidade a tão pequenos minutos.
Entrava em seu apartamento escuro e sentia orgulho de sua empregada que sempre deixava tudo exatamente do jeito que a patroa gostava, inclusive seu lanche noturno, antes de ir embora. Depois de comer, tirava sua roupa social, e ainda com sua calcinha e sutien de renda preta ligava o aparelho de som para ouvir as músicas que tanto a relaxavam e acendia algumas velas aromáticas pelo seu enorme banheiro social enquanto sua banheira enchia. No armário do banheiro, uma inusitada garrafa de Vodka e seu copo preferido usado diariamente durante seu ritual.. Não molhava seus cabelos durante o banho noturno e prendia principalmente a parte de trás em um coque feito com não muito cuidado, deixando que um pouco da parte da frente caísse sobre 1/4 do lado direito de seu rosto. Ao lado da banheira, posicionava estrategicamente seu celular, uma toalha limpa e seu copo. A esse momento, a banheira já estava cheia. Ela tirava sua lingerie, primeiro o sutien e depois sua calcinha, e depois entrava na banheira com água morna.
Levantando uma perna vagarosamente, passava um pouco de espuma por sua perna e logo depois uma macia lâmina recém tirada da embalagem. Repetia o processo também em sua perna direita, todos os dias. Entre uma perna e outra, dois goles ou três. Quando terminava sua depilação diária, tirava de um maço que nunca saia do lado da banheira um cigarro e tentava saciar com fogo seu prazer momentâneo enquanto terminava seu copo.
Terminada a fase 2 de sua rotina noturna, secava-se e ia ainda nua em direção a seu quarto. Onde havia um grande espelho onde era possível ver seu corpo inteiro. Ficava admirando seu corpo por alguns minutos enquanto tentava descobrir a cada dia em qual lugar de seu corpo, um toque podia ser sentido com mais intensidade. Pegava seu celular e procurava não sabe-se o quê, mexia nas fotos, em sua agenda telefônica, mensagens apagadas.
Quando o sono de quem acorda cedo bate nela, ela ainda nua, deita em sua cama de casal e cobre-se com seu calor de mulher. Deixando o sono a carregar embora para mais um modo de viver poucos minutos de prazer dentro de sua rotina.
gostei do texto.
ResponderExcluira cada post tu tá melhorando (um pouquinho só se não tu fica metido)
Parabén pelo texto, Adnré!É bastante envolvente, consegue manter a atenção presa. Espero ler outros! beijooos
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