domingo, 17 de junho de 2012

Morte em vida


Foi então neste dia que ele percebeu:
Antes, a vida escorria pelas suas mãos lentamente.
E quando mais ele precisou, ela não estava mais lá. Estava escapando cada vez mais rápido.
Estava morrendo.
Bem antes de ter cumprido sua missão.

E o cheiro? Ah.. O cheiro...
Era cheiro de gasolina. Pura gasolina.

Ele já sentia com 17 anos que estava tudo pesado demais.
Que o ar estava denso demais e que seu pulmão já não funcionava.
Que o mundo inteiro era demais e que seu cérebro não conseguia absorver mais.
Nem muito menos produzir.
O coração? Totalmente fora de ritmo. Lutava para manter-se em funcionamento.
Era só questão de tempo até sua falência.

E ele era simplesmente mais um escravo. Escravo de seus próprios prazeres.
A morte já sabia disso há tempos. Apenas soube ser paciente.

Com isso, sentiu raiva, ódio, não conseguia relaxar. Sentia dor.
Dor que lhe foi dada. Uma dádiva. Mais um destino desviado e derrotado.
Ele se perguntava quem era o vencedor. 
Se existia um vencedor, quem era o perdedor...
Não sabia se isso tinha importância no fim de tudo.

Não o culpo. Você sabe o que tem importância?

Não tinha mais força, vontade ou energia.
Estava morto dentro de si. 










Um comentário:

Nunca conseguirá me explicar.